A Fibromialgia (FM) é uma doença crónica reumática, sendo caraterizada por dor músculo-esquelética generalizada, por um cansaço extremo, com perturbações de sono, perturbações cognitivas, entre outros sintomas. Afeta homens, mulheres e crianças de todas as idades, etnias, estatutos, em que 80% a 90% são mulheres entre os 20 e os 50 anos.

As causas são desconhecidas, mas parecem estar relacionadas com a desregulação de determinadas substâncias do sistema nervoso central. O stress, as patologias imunológicas e endocrinológicas, os traumas físicos (ex. acidente de viação) ou traumas psicológicos (ex. falecimento, divórcio) e as infeções virais podem contribuir para o desenvolvimento ou manutenção desta condição de saúde.

A Síndrome de Fadiga Crónica (SFC) também designada por Encefalomielite Miálgica (EM) ou Síndrome de Fadiga Pós-viral é responsável por apenas 3% dos casos de fadiga persistente e pode afetar 400 a 2500 casos por cada 100.000 adultos, a nível global. Afeta, cerca de três vezes, mais mulheres do que homens, atinge pessoas de todas as etnias, grupos socioeconómicos e de todas as idades (predominantemente entre os 25 e os 45 anos podendo no entanto, afetar também crianças ou pessoas de mais idade). As causas da são desconhecidas e não existe nenhum teste de diagnóstico preciso.

Viver com FM e/ou SFC é um desafio diário, pois doentes sentem a incompreensão quer na consulta médica (dado a dificuldade de diagnóstico e o reconhecimento da doença como crónica, real e não do foro psicológico) quer no âmbito das suas relações humanas, levando ao isolamento, a perturbações emocionais e de igual modo, a frustração relacionada com o efeito não imediato dos tratamentos, que pode levar ao abandono dos mesmos, ao sedentarismo e consequente agravamento de sintomas e a culpabilização por não poder fazer o que fazia antes, por não conseguir cumprir tarefas das mais simples às mais complexas.

A pessoa com FM e ou SFC precisa de se responsabilizar pela sua saúde, cumprindo os planos terapêuticos, conversando com as pessoas que o rodeiam, transformando-se num veículo de informação, sensibilização e consciencialização, contribuindo, desse modo, para a diminuição dos estereótipos e do preconceito social associados à doença.

Tendo em conta estes aspetos sobre ambas as doenças, os enfermeiros podem assumir um papel crucial ao ajudar os doentes, com o desenvolvimento de estratégias que permitam gerir os mais diversificados sintomas, tal como desenvolvendo planos de cuidados individualizados e personalizados, permitindo assim a promoção da qualidade dos doentes.

Ao mesmo tempo através da relação terapêutica poderão ajudar os doentes a sentirem-se mais compreendidos, contribuindo para uma consciencialização e responsabilização pelos cuidados diários inerentes à convivência com uma doença crónica.

 

Autor: Ricardo Fonseca

Artigo publicado: Anuário do Enfermeiro, 2019

Data de criação do artigo: 10 de abril de 2019

 

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Como preparar as suas consultas médicas
Na fibromialgia, a responsabilidade é partilhada

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