O que não dizer
“Não pareces estar doente” ou “mas estás com bom aspecto”
Tais comentários fazem com que a pessoa que sofra de Síndrome de Fadiga Crónica (S.F.C.) se sinta incompreendida no que diz respeito à gravidade ou até à existência da doença.
“Eu também me sinto cansado (a)”
Este tipo de comentário assinala a falta de compreensão de o que é o sintoma fulcral desta doença: a fadiga/exaustão crónica e debilitante. Esta fadiga (denominação que é, em si, um grande eufemismo) envolve muito mais do que estar cansado. O cansaço é completamente diferente de um cansaço “normal” sentido por uma pessoa saudável após um dia agitado, ou depois de ter praticado desporto, por exemplo. A fadiga que eu sinto é omnipresente, embora varie em intensidade em diferentes alturas; não desaparece; é algo com que acordo todos os dias.
“Isso é psicológico” ou “Isso passa”
Eu, pessoalmente, já tive de ouvir este género de comentários após ter tentado explicar porque é que não conseguia sair à noite, por exemplo. Por vezes, tomo a decisão de não tentar explicar a minha condição e as consequentes limitações, salvaguardando assim a minha energia. É claro que há alturas em que acho importante dar a conhecer esta doença com a qual (con)vivo.
“Ter ——– é tão debilitante como ter S.F.C.”
As doenças não se podem comparar deste modo. Para além do mais, a S.F.C. é uma doença que afecta cada pessoa de maneira diferente, com gravidade e duração de sintomas também muito variáveis, inclusive, na mesma pessoa.
O que dizer e fazer:
- Mostrar que se acredita que a pessoa em causa está realmente doente, mesmo que não se compreenda a patologia em si, o que é normal, pois até para o próprio doente é, por vezes, muito difícil compreender e aceitar uma doença tão bizarra.
- Fazer um telefonema ou visitar a pessoa em causa. É sempre muito agradável e confortante saber que os outros se preocupam connosco. Isto é especialmente verdade quando nos encontramos numa recaída/agravamento dos sintomas.
- Respeitar o facto de, por vezes, a pessoa em causa poder não estar em condições de manter uma conversa telefónica, receber visitas ou mesmo sair de casa ou da cama.
- Tentar compreender. Às vezes isto simplesmente significa reconhecer que a pessoa que sofre de S.F.C. está limitada, podendo consequentemente sentir-se revoltada, incompreendida, ansiosa, deprimida, triste e só.
- Mostrar-se disponível para ajudar. Dependendo do grau de severidade da doença, ajudar poderá envolver levar a pessoa ao médico, às compras, lavar a louça, etc. Por mais pequena que seja a tarefa realizada, certamente que será bem-vinda pelo doente.
Em conclusão, reconheço que muitas vezes não deve ser muito fácil viver ou conviver com alguém que sofra desta doença. Porém, já que até à data não existe uma cura, o apoio e a compreensão das pessoas, especialmente daquelas que nos são mais íntimas, são, sem dúvida, indispensáveis.
Autora: Daniela Martins, sócia da Myos
Este artigo foi escrito pela autora para utilização pela Myos e não pode ser reproduzido em outros sites, blogues e páginas, sem a expressa autorização da autora e da Myos.
Nota: Este artigo foi escrito com o antigo Acordo Ortográfico
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