Visão Psicopedagógica

A cormobilidade aparente entre a Síndrome de Fibromialgia (FM) e a Depressão continua as ser discutível ao nível científico assim como ao nível médico e consequente terapêutica.

Não sendo a FM classificada uma patologia psicossomática, o quadro depressivo ou alguns dos sintomas tornam-se de tal forma usuais que, no seu tratamento farmacológico básico encontra-se a toma de compostos denominados anti-depressivos tricíclicos assim como anti-inflamatórios e benzodiazepínicos. Todos estes fármacos são deveras relevantes uma vez que a FM consegue debilitar a pessoa em todas as suas vertentes, a nomear física, psicológica, profissional, social e familiar incidindo mesmo na rotina diária.

No entanto, será essencial chamar a atenção para (como factores desencadeantes e/ou agravantes da depressão) a invisibilidade da doença de forma corporal ao longo da sua génese, assim como em pleno estado actual. Este fenómeno da não evidência ao outro é extremamente importante já que a inexpressividade física de quem padece suscita dúvidas e, por consequência, a não credibilidade social e familiar. Esta forma de pensar, estar e ser pela sociedade/comunidade integrativa dá ao paciente uma total sensação de solidão e desespero, em consequência de pouco ou nenhum apoio e compreensão.

Assim, a problemática Depressão e FM deve ser entendida não de forma reducionista mas sim multidisciplinar. Só assim é possível encontrar relação entre os supostos marcadores individualizados na Pessoa, assim como compreender todo o seu situacional. Aliás, a Pessoa é ser único BioPsicoSocial e Noológico sendo que do ponto de vista antropológico o ser que adoece é o Homem globalmente considerado. Logo, o adoecer humano deve ser contextualizado na sincronia (relembrando Carlos Caldeira e o sistema antropológico) uma vez que a patologia é um facto biológico, histórico e biográfico no qual influencia o Ser, o Estar e o Devir da Pessoa através de mudanças profundas. Por outras palavras, a tendência actualizante da Pessoa pode ser comprometida como no exemplo da Depressão.

Considerando a Pessoa como um sistema aberto, em constante troca com o seu meio, é possível compreender o dinamismo promovido entre todos os marcadores existentes em ambas as patologias. Assim, cabe ao profissional de saúde empatizar, ouvir e aceitar o paciente como ele se lhe apresenta.

Ao longo dos tempos a FM acarretou com diversos termos, conceitos, definições e compreensões. A relação com a psiquiatria foi uma das mais marcantes já que a hipótese de doença psicossomática prevaleceu durante muitos anos estando ainda bastante forte no meio científico. Contudo, a Depressão é um facto entre os pacientes fibromialgicos e os antidepressivos têm como função atenuar a dor.

Devido à multicausalidade da patologia e colaborando no aumento de qualidade de vida do paciente, o psicopedagogo como profissional de saúde deve colaborar para um novo situacional, através da estruturação de programas pedagógicos apropriados, assim como para o Saber-Ser e Saber-Estar ao proporcionar meios para uma re-aprendizagem vital.

Autora: Diana Magalhães, Psicopedagoga

Excerto retirado, com autorização da autora, da Tese de Licenciatura em Psicopedagogia Curativa

Nota: Este artigo foi escrito com o antigo Acordo Ortográfico

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