Como até aos dias de hoje não existe nenhum teste de laboratório ou exame complementar de diagnóstico que confirme a Fibromialgia, alguns médicos recusam-se a acreditar que é uma doença física e real. Infelizmente, quando os médicos não conseguem descobrir o que está causando o aparecimento de certos sintomas, numa pessoa, muitas vezes a tendência é atribuir esses sintomas a uma doença do foro psicológico.
Quer os doentes quer os médicos parecem entender melhor as causas de dor quando existe uma inflamação ou algo que justifique a dor sentida em determinado local do corpo. Na Fibromialgia esta situação é muito diferente, pois se tirarmos um pedaço do músculo que está a doer e analisarmos no microscópio não encontramos nada – porque o problema está somente na perceção da dor.
A dor da fibromialgia é real. Diversos estudos sobre a Fibromialgia mostram que os doentes com fibromialgia estão sentindo dor e além disso, que sentem mais dor do que pessoas sem Fibromialgia, quando comparadas as imagens obtidas do cérebro. Também foram realizados alguns estudos com o líquido da medula espinhal, onde se observou que as substâncias que levam a sensação de dor para o cérebro estão de três a quatro vezes aumentadas em doentes com Fibromialgia, em comparação com pessoas sem a doença.
O mais importante é que, se o médico não acredita que os sintomas do doente são reais, deve-se procurar um novo médico, com conhecimento da doença, que acredite no doente e que queira acompanhar o doente com um tratamento personalizado e adaptado às suas necessidades.
A especialidade que diagnostica e acompanha os doentes com Fibromialgia é a reumatologia, pelo que o reumatologista será o médico especialista ideal.
No entanto, o diagnóstico de Fibromialgia pode ser realizado por médicos de outras especialidades com conhecimento e experiência em diagnosticar e acompanhar doentes com Fibromialgia.
De igual modo, o doente com Fibromialgia poderá ter a necessidade de ser acompanhado por outras especialidades médicas, para o controlo de alguns dos sintomas da Fibromialgia e das comorbilidades a ela associadas. Os médicos especialistas deverão trabalhar em equipa acompanhando o doente de forma multidisciplinar e estabelecendo um plano terapêutico adaptado ao doente.
Uma das maneiras de encontrar um bom médico para Fibromialgia é perguntar a outro doente com Fibromialgia qual o seu médico e como se sente com o acompanhamento.
Outra forma de encontrar um médico é contactar a Myos, que tem estabelecidos protocolos com diversos médicos do país e que pode o/a encaminhar para um médico especialista no diagnóstico e acompanhamento de doentes com Fibromialgia.
É importante realçar que a definição de bom médico, vai sempre depender da relação que cada doente estabelecer com o seu médico assistente e por isso, mesmo tendo a sugestão de um médico para consultar, a opinião de cada doente será sempre diferente e caso a caso.
A Fibromialgia é uma condição de saúde com diversos sintomas, muitas vezes comuns a outras doenças, o que pode tornar difícil saber se quando aparece um novo sintoma é da Fibromialgia ou se é de outra condição de saúde. Como a Fibromialgia é uma síndrome que engloba diversos sintomas, os médicos têm a tendência a descrever o aparecimento de um novo sintoma num doente com Fibromialgia, como parte da doença.
Se houver dúvidas sobre o aparecimento de um novo sintoma, a melhor opção é consultar o médico assistente, para determinar a causa desse sintoma. Um doente com Fibromialgia conhece melhor que ninguém o seu corpo e a doença com que vive e por isso, quando se sente preocupado com o aparecimento de novos sintomas, deve insistir com o médico para a determinação da causa e tratamento dos mesmos.
Apesar de a Fibromialgia ter como principal sintoma a dor crónica, generalizada e difusa, não interfere com o fato de o doente ter outras condições de saúde que possam causar dor.
É de realçar que os músculos são o órgão onde se sente maior dor na Fibromialgia, porém existem cada vez mais evidências de que há outros órgãos do corpo que apresentam uma sensibilidade aumentada à dor como por exemplo, o intestino (o caso do Síndrome do Cólon Irritável), a bexiga (o caso da bexiga irritável), entre outros órgãos que podem causar dor quando sofrem algum trauma que afete o seu funcionamento normal.
O médico assistente saberá a melhor forma de despistar outras causas possíveis para a dor, de modo a determinar o melhor acompanhamento e tratamento para o seu alívio.
Mesmo estando a fazer os tratamentos certos e a gerir a doença de um modo saudável, surgem diversas vezes as conhecidas crises da Fibromialgia, sem que se saiba os reais motivos por que elas acontecem. No entanto, poderão haver alguns fatores que agravem os sintomas da Fibromialgia e que desencadeiem as crises, como o doente ter feito um esforço excessivo provocando sobrecarga no corpo; o doente querer fazer tudo o que for possível quando se sente bem, levando também a uma sobrecarga excessiva no corpo.
Do mesmo modo, a realização de diversas atividades com movimentos repetitivos e durante longos períodos de tempo, podem desencadear uma crise. Para se evitar as crises da Fibromialgia é preciso dividir as tarefas de casa e do trabalho e fazer um pouco a cada dia, mesmo nos dias em que tudo está bem; alternar o tipo de tarefa que se está a fazer, para alternar o grupo de músculos que está a ser usado e evitar a sobrecarga muscular, entre outras estratégias que podem ser adotadas.
As crises da fibromialgia também podem melhorar significativamente com medidas simples, como o repouso, banho quente, exercícios de relaxamento e respiração, entre outras técnicas que possibilitam o descanso do corpo.